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domingo, 17 de julho de 2016

AS CAÇA-FANTASMAS


AS CAÇA-FANTASMAS
DIREÇÃO: Paul Feig
ELENCO: Kristen Wigg, Melissa McCarthy, Chris Hemsworth, Kate McKinnon, Leslie Jones


Erin Gilbert (Kristen Wigg) e Abby Yates (Melissa McCarthy) são duas cientistas que escreveram um livro sobre a existência de fantasmas. Renegadas pelos seus respectivos patrões, elas perdem o emprego, mas montam uma organização, ao lado de Jillian (Kate McKinnon), para estudar os fenômenos paranormais. Alertadas por Patty (Leslie Jones), elas temem que ectoplasmas invadam Nova York e ponham em risco a cidade, por isso elas partem para uma batalha para salvar a todos da destruição.


É bem provável que todos os críticos irão bater na tecla dos fatos que antecederam o lançamento de As Caça-Fantasmas, mas é mais que compreensível isso, pois não tem como deixá-los incólumes. Num universo cinematográfico em que remakes e reboots são vítimas de muito preconceito (de certo modo, até com razão), este filme apresentou um trailer bastante fraco, em que ficou a dúvida se realmente seria uma obra que valesse a pena. Fora isso, a produção não reagiu bem às críticas e cresceram as campanhas de boicote por parte de grupos machistas, que repudiavam um elenco feminino protagonizando uma das mais famosas comédias da década de 1980.

O melhor de tudo isso é que, ao estrear o filme, ficou a sensação de que aquela era uma das melhores reviravoltas no cinema dos últimos anos, pois, quem viu, sabe que As Caça-Fantasmas já é a melhor comédia do ano, até o presente momento. E tal fato só reafirma o cineasta Paul Feig como o atual maior mestre do gênero, visto que ele é o responsável pelos excelentes e recentes Missão Madrinha de Casamento e A Espiã que sabia de menos. Reafirmando seu talento na composição de personagens femininos, adaptando bem a obra ao ano de 2016, Feig entrega duas cientistas de uma personalidade anormal para a área, mas que não perdem a dignidade; uma outra membro da profissão, com fortes dotes neuróticos; e uma funcionária do metrô, leiga no assunto, mas crente na existência de fantasmas, que não se acovarda, assim como as demais, para enfrenta-los. A apresentação desse time já dava pistas de que a obra podia sim dar certo.

Sem fugir da presença de fantasmas atazanando os terráqueos desde a primeira cena, o filme consegue estabelecer uma dose perfeita de terror, que migrava para um resultado cômico impressionante; e o desenvolvimento em cima das caça-fantasmas dava autenticidade ao status de heroínas delas, ao expor um antagonismo atento ao crescimento e a capacidade das mulheres, e um poder público se achando ameaçado e boicotado por pessoas que transparecem um bem para a sociedade, mas substituem uma função que seria da segurança pública local e que poderia fazer um governo crescer popularmente. E, de fato, isso é o que era mais almejado, pois basta o Prefeito de Nova York (vivido pelo ator cubano Andy Garcia) ser comparado ao fictício prefeito da cidade, em Tubarão, que o indivíduo surta, pois a omissão por parte dele deve ser evitada, independentemente de quem esteja atrapalhando. Claro, que tudo isso trabalhado em sacadas geniais, que não limitaram o humor e o carisma dos atores ali envolvidos.

Ainda sobre a intertextualidade entre obras cinematográficas, As Caça-Fantasmas não se amedronta em investir em piadas que fazem menções a outros filmes, citando uma sequência de luta entre Abby, Jillian e Patty ao estilo O Tigre e o Dragão, incrementada pela mais famosa virada de cabeça da sétima arte. Claro que aqui eu falo de O Exorcista. Além disso, eles não fogem a Ghost – Do Outro Lado da Vida, em um diálogo em homenagem aos melhores trabalhos de Patrick Swayze, autenticando que essa obra sobre vida após a morte é tão importante quanto esta aqui avaliada.

E se As Caça-Fantasmas esbanja humildade e bom senso de humor, com um ótimo trabalho de efeitos visuais, o filme chega ao ápice de homenagear sua própria e “masculina” obra original, lembrando passagens e personagens históricos, além de incluir membros do primeiro elenco em participações mais que especiais, que mesmo em cenas pequenas, exercem uma brilhante e forte carga de nostalgia que encanta. E esses atores da obra de 1984 não são atores quaisquer. São simplesmente Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson, Annie Potts e Sigourney Weaver.

E falando em elenco, este é, sem dúvida, o grande ponto forte de As Caça-Fantasmas. Kate McKinnon é a melhor que há, roubando a cena, sem se destemer na mesma proporção das loucuras insanas da Jillian. Leslie Jones cresce assim como a coragem e a comicidade dos fracassos da Patty. Kristen Wigg e Melissa McCarthy renovam uma parceria para ninguém botar perfeito, tendo em suas sãs mentes as principais características do humor escrachado contemporâneo, sem medo de serem ridículas e coroando uma película que honra o passado e coloca-se atual. Está na hora do cinema já absorver Wigg e McCarthy de vez para si.

Sobre o Chris Hemsworth, que não está mal no papel do tolo Kevin, vale ressaltar que o diretor Paul Feig tem uma marca de extrair muito bem uma veia cômica de atores sem tradição na área. Lembra-se de Rose Byrne, em Missão Madrinha de Casamento, e Jason Statham, em A Espiã que sabia de menos. A questão do Thor, é que seu papel parece ser bem descartável, com uma boa função somente no ato final. Se fosse excluído, não causaria impacto no roteiro.

Com um trailer que causou estranheza, As Caça-Fantasmas deu a volta por cima com uma trama que dignificou o empoderamento feminino. Aliado a uma comicidade em alto nível, com um elenco perfeito e em alta sintonia, faz-se justo prever que este filme se faz tão importante como o primeiro da franquia, para justificar o saudosismo futuro. 


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