LOGAN
DIREÇÃO: James Mangold
ELENCO: Hugh Jackman, Patrick Stewart e Boyd Holbrook
O futuro não é tão distante
assim. Logan e o Professor Xavier não convivem mais com os X-Men, sendo que o
mundo está sendo destruído por uma corporação. O Wolverine, desta vez na
companhia da jovem Laura, tentará derrotar esse novo grupo maléfico, mesmo com
suas forças cada vez mais escassas.
Precisamos falar sobre
Wolverine – o mais emblemático dos mutantes, que despertou o fanatismo de todos
pelo seu jeito durão e que se transformou num símbolo para os admiradores que
adotaram a sua incomum barba e que utopicamente desejaram desenvolver suas
garras. Em meio a boataria de que ele poderia se juntar ao time d’Os
Vingadores, o concreto é que arriscaram em uma série de filmes solos para o
personagem, iniciada por trágica origem de sua vida, que seria melhor que não tivesse
sido lançada, até chegar a uma esquecível “orientalidade” de seu contexto, que
até tentou ser ousada.
Diante disso é até
compreensível que alguns tenham estranhado que haveria um terceiro filme, e o
temor aumentou por ser um desfecho para uma celebrável vida nos quadrinhos e
nas telonas. O diretor James Mangold (dos ótimos Garota Interrompida e Johnny
& June, que renderam Oscars para Angelina Jolie e Reese Witherspoon,
respectivamente) precisou apenas dos primeiros momentos de Logan, para mostrar
o quão excelente era a sua premissa, e o executar da mesma transformou a obra
em gratificante.
O que o filme nos mostra é que
Logan (ou Wolverine) é muito mais que um mutante, e seu verdadeiro lado humano
começa a ser exposto, e daí vem uma luta psicológica para livrar-se das garras
e buscar uma reclusão em um mundo em que não haveria a necessidade de seu
amparo, nem de qualquer outro super-herói. A maquiagem do filme envelhece Hugh
Jackman (coisa que muito se cobrava), esquivando-se da tradição de trocar os
atores de X-Men conforme o tempo, e neste tocante, vemos mais na pele um homem
querendo reencontrar a si próprio, num cotidiano em que ele nunca pôde viver.
Mas como não poderia deixar, o seu lado defensor é exigido, por conta da
vulnerabilidade de seu escudeiro Professor Xavier, em meio a uma grande
enfermidade; da não imunidade aos antagonistas, que sua sociedade sofre; e pelo
aparecimento de uma filha, que brota nele um inevitável sentimento, que em muito
ele estava querendo se desligar.
Dali por diante, a destruição,
a ameaça e o terror rondava a tudo e a todos, e aí Logan nos apresenta um Wolverine
que precisa vencer a si próprio para evitar que uma catástrofe maior aconteça.
E diante desse fato, ele se pergunta: Será que tenho força suficiente para tal?
Onde está aquele meu eu que queria abandonar tudo isso? Assim, não foi por
acaso que vemos uma luta do herói contra ele mesmo, tanto no âmbito físico,
quanto no psicológico; e a paternidade fez dele um defensor de todos, e numa
bela concepção do filme, vemos crianças e adolescentes encarnando os novos
mutantes ameaçados. Daí, Wolverine, por mais envelhecido e enfraquecido que
esteja, confia em sua própria existência como um modo de amparar sempre aqueles
que até supostamente, não dependem mais dele. Aqui também fica uma reverência
ao roteiro da obra, escrito pelo diretor, em parceria com Michael Green (que
escreveu o Lanterna Verde) e Scott Frank (responsável por Marley & Eu).
Hugh Jackman, num discurso
clichê de qualquer político, pode dizer que abandona o personagem de cabeça
erguida, num raro caso em que o talento do seu intérprete se assemelha ou até
supera a força e a tradição do Wolverine, como pode até ser visto num vídeo que
foi vazado na internet, em que ele dubla uma cena na floresta. A parceria
Jackman e Logan não foi monótona para a carreira do ator australiano, que teve
seu talento autenticado em outras obras, como Os Suspeitos e Os Miseráveis –
esta última rendeu sua única indicação ao Oscar, até o momento.
Com uma trama bastante metafórica
em cada cena, Logan encerra um positivo ciclo (com algumas decepções
anteriores, é claro) e faz um apanhado em tudo que já exibira do super-herói e
nos mostra que Wolverine é a força, é o poderio, é a complacência fria e
sensata, é a proteção, é o homem, e que unindo tudo isso nos mostra que sim,
ele pode dar a vida dele pelo próximo. O ato final do filme está aí para
comprovar.
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