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sábado, 18 de março de 2017

LOGAN


LOGAN
DIREÇÃO: James Mangold
ELENCO: Hugh Jackman, Patrick Stewart e Boyd Holbrook


O futuro não é tão distante assim. Logan e o Professor Xavier não convivem mais com os X-Men, sendo que o mundo está sendo destruído por uma corporação. O Wolverine, desta vez na companhia da jovem Laura, tentará derrotar esse novo grupo maléfico, mesmo com suas forças cada vez mais escassas.



Precisamos falar sobre Wolverine – o mais emblemático dos mutantes, que despertou o fanatismo de todos pelo seu jeito durão e que se transformou num símbolo para os admiradores que adotaram a sua incomum barba e que utopicamente desejaram desenvolver suas garras. Em meio a boataria de que ele poderia se juntar ao time d’Os Vingadores, o concreto é que arriscaram em uma série de filmes solos para o personagem, iniciada por trágica origem de sua vida, que seria melhor que não tivesse sido lançada, até chegar a uma esquecível “orientalidade” de seu contexto, que até tentou ser ousada.

Diante disso é até compreensível que alguns tenham estranhado que haveria um terceiro filme, e o temor aumentou por ser um desfecho para uma celebrável vida nos quadrinhos e nas telonas. O diretor James Mangold (dos ótimos Garota Interrompida e Johnny & June, que renderam Oscars para Angelina Jolie e Reese Witherspoon, respectivamente) precisou apenas dos primeiros momentos de Logan, para mostrar o quão excelente era a sua premissa, e o executar da mesma transformou a obra em gratificante. 

O que o filme nos mostra é que Logan (ou Wolverine) é muito mais que um mutante, e seu verdadeiro lado humano começa a ser exposto, e daí vem uma luta psicológica para livrar-se das garras e buscar uma reclusão em um mundo em que não haveria a necessidade de seu amparo, nem de qualquer outro super-herói. A maquiagem do filme envelhece Hugh Jackman (coisa que muito se cobrava), esquivando-se da tradição de trocar os atores de X-Men conforme o tempo, e neste tocante, vemos mais na pele um homem querendo reencontrar a si próprio, num cotidiano em que ele nunca pôde viver. Mas como não poderia deixar, o seu lado defensor é exigido, por conta da vulnerabilidade de seu escudeiro Professor Xavier, em meio a uma grande enfermidade; da não imunidade aos antagonistas, que sua sociedade sofre; e pelo aparecimento de uma filha, que brota nele um inevitável sentimento, que em muito ele estava querendo se desligar. 

Dali por diante, a destruição, a ameaça e o terror rondava a tudo e a todos, e aí Logan nos apresenta um Wolverine que precisa vencer a si próprio para evitar que uma catástrofe maior aconteça. E diante desse fato, ele se pergunta: Será que tenho força suficiente para tal? Onde está aquele meu eu que queria abandonar tudo isso? Assim, não foi por acaso que vemos uma luta do herói contra ele mesmo, tanto no âmbito físico, quanto no psicológico; e a paternidade fez dele um defensor de todos, e numa bela concepção do filme, vemos crianças e adolescentes encarnando os novos mutantes ameaçados. Daí, Wolverine, por mais envelhecido e enfraquecido que esteja, confia em sua própria existência como um modo de amparar sempre aqueles que até supostamente, não dependem mais dele. Aqui também fica uma reverência ao roteiro da obra, escrito pelo diretor, em parceria com Michael Green (que escreveu o Lanterna Verde) e Scott Frank (responsável por Marley & Eu).

Hugh Jackman, num discurso clichê de qualquer político, pode dizer que abandona o personagem de cabeça erguida, num raro caso em que o talento do seu intérprete se assemelha ou até supera a força e a tradição do Wolverine, como pode até ser visto num vídeo que foi vazado na internet, em que ele dubla uma cena na floresta. A parceria Jackman e Logan não foi monótona para a carreira do ator australiano, que teve seu talento autenticado em outras obras, como Os Suspeitos e Os Miseráveis – esta última rendeu sua única indicação ao Oscar, até o momento.

Com uma trama bastante metafórica em cada cena, Logan encerra um positivo ciclo (com algumas decepções anteriores, é claro) e faz um apanhado em tudo que já exibira do super-herói e nos mostra que Wolverine é a força, é o poderio, é a complacência fria e sensata, é a proteção, é o homem, e que unindo tudo isso nos mostra que sim, ele pode dar a vida dele pelo próximo. O ato final do filme está aí para comprovar.



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