POWER RANGERS
DIREÇÃO: Dean Israelite
ELENCO: Bryan Cranston, Elizabeth Banks, Naomi Scott, RJ Cyler, Beck G, Ludi Lin e Dacre Montgomery
Cinco jovens, que estudam na mesma escola, descobrem que possuem poderes extraordinários, e ao observarem que a sua cidade, Alameda dos Anjos, está sob risco de um forte ataque alienígena, eles veem que são os únicos que podem salvar a humanidade. Mas para isso, eles têm que provar que detêm todos os atributos para serem Power Rangers.
Acredito já ter dito neste blog que o primeiro filme que
vi no cinema foi Power Rangers – O Filme, no ano de 1996, no extinto Cine
Passeio, em São Luis (MA). Não poderia ter ficado mais encantado ainda, visto
que era de longe o meu seriado preferido da tv, fora o fato de eu, na época,
nutrir uma paixão platônica pela Kimberly (a ranger rosa). Há poucos anos,
realizei um sonho antigo que era ter este filme em DVD. A notícia de que
haveria um reboot dos super-heróis criados por Hain Sabam me deixou contentíssimo
e ansioso, mas tudo isso por questões simplesmente nostálgicas, pois faz-se
justo nunca criar tantas expectativas com filmes dessa natureza. Diante disso,
não podia ser hipócrita em pensar que seria uma grande obra. E não foi.
Dirigido pelo jovem sul-africano Dean Israelite, Power
Rangers prefere iniciar sua trama, enaltecendo suas figuras heroicas e aquelas diretamente
ou indiretamente ligadas aos protagonistas, deixando bem claro seus papéis na
humanidade, desde o citado período jurássico. Daí a influência das figuras
pré-históricas, seja na forma dos zords, ou nos dizeres da inoxidável hora de
morfar: "Mastodonte, Pterodactilo, Triceratops, Tigre dente-de-sabre,
tiranossauro". Aliado a isso, seu prólogo investe na imagem das únicas estrelas
presentes no elenco: Bryan Cranston e Elizabeth Banks, que interpretam Zordon e
Rita Repulsa, respectivamente; enaltecendo assim o motivo do primeiro ser o líder do
time e sua importância para o mesmo, e criando um contexto para a antagonista,
que não foge de alguns clichês, mas que em contrapartida, não se torna um fator que
contribui para a fragilidade do roteiro, concebido por quatro mentes, com
destaque ao competente John Gatins, de O Voo e Gigantes de Aço.
Evidente que esta nova versão tem total direito de fazer mudanças que achar necessária, mas qualquer pessoa que tenha acompanhado bem
a série, deve ter achado no mínimo esquisitas as situações ao longo do filme. Mantendo
o nome dos personagens célebres (Jason, Billy, Zack, Trini e Kimberly), a película
apresenta os jovens em cima dos devaneios de sua idade, oriundos da famosa
detenção escolar, enfatizando traumas, problemas com a justiça, drogas, questão
social, sexualidade, e principalmente rebeldia, que passa a ser o combustível
inicial deles, tanto que a obra realiza tomadas de acordo com a visão deles,
seja dentro de um carro ou em uma bicicleta, contribuindo com a adrenalina. O que chama negativamente a atenção é o
total amadorismo deles e a jogada de sorte que os transformou em rangers, pondo
por água abaixo o princípio da inteligência e a capacidade natural de lutar a
favor de uma sociedade.
Assim, Dean Israelite derrapa ao entregar um filme que expõe
que ser um power ranger não é um dom, e sim uma mutação – assunto difícil de
ser trabalhado atualmente em filmes de ação com originalidade e ousadia, sem que o
espectador se lembre de X-Men. E esta situação é tratada pelos adolescentes
como uma brincadeira, sendo assim a cereja que faltava ao bolo que faz com que eles
pensem dominar o mundo, porém de uma maneira nada pró-humanidade. Aqui cabe
ressaltar o vacilo de uma cena em que eles se jogam de uma rocha em direção a
uma espécie de lago – lembrando muito uma passagem do filme 127 Horas, dirigido
por Danny Boyle e estrelado por James Franco.
A capacidade e o poderio heroico dos
adolescentes dão lugar a uma desgastante sessão de puro treinamento deles, que
mais parecem estagiários desnorteados, agora dentro uma nave, com um telão
onde a gigante face do Zordon pode se movimentar mais, e com a leal assessoria de
um agora digital e ridículo Alpha 5, que aqui mostra uma respeitável força física, que faz com que nos questionemos porque ele não assumiu a tarefa de
lutar contra as forças do mal, sendo que, pelo o que o filme exibira, ele
poderia ser bem mais prático e eficaz que os Power Rangers. Mas uma grande “facada”
do retorno desses seres às telonas é ver a história do seriado sendo rasgada,
ao deixar de lado a célebre “hora de morfar”, e fazer com que sentimentos sejam
o requisito para eles usarem os seus poderosos uniformes - desta vez
remodelados, excluindo inclusive a minissaia da ranger rosa, desagradando
muitos fãs.
O maior pecado de Power Rangers é
a parceria direção/produção/roteiro deixar bem claro que não faz questão de ter
ali uma trama conclusiva e deixa tal função para os filmes posteriores, que por
sinal existirão, e uma cena pós-créditos (precedida por uma canção escolhida equivocadamente, onde deviam ter executado a música-tema, cantada pelo Megadeth) reforça essa informação. Isso é um
tremendo absurdo para a arte cinematográfica, pois uma película tem que ter seu
desfecho e suas lacunas fechadas, mesmo que continuações estejam sendo
planejadas. Parecem que querem passar uma mensagem de “relevem, eles ainda estão
aprendendo”, em resposta à inexperiência de pessoas que ganharam a confiança de salvar
o mundo. A própria antagonista Rita Repulsa, derrotada em uma batalha ao estilo
“destrói-se uma cidade para salvá-la” (que conta com bons monstros e zords criados por efeitos, mas também
com bonecos de massa constrangedores), demonstra claramente que aquilo ali foi
só um início irrelevante e parece que aquela perda a colocou num ambiente que
tende a aumentar seus ideais malignos.
Com um elenco jovem correto,
investindo em uma veia cômica do Billy, Power Rangers pelo menos presenteia os
fãs com uma inesquecível e regozijante ponta que os atores Amy Jo Johnson e
Jason David Frank (rangers rosa e verde/branco da primeira formação) fazem em seu ato final, mas não
sabe absorver a essência dos personagens, incrementada com uma atualização que
um reboot ou remake permite, o que fez o filme perder tons de entretenimento e transformando-se
em uma obra arrastada e até mesmo cansativa.
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