MULHER MARAVILHA
DIREÇÃO: Patty Jenkins
ELENCO: Gal Gadot, Chris Pine e Robin Wright
Diana é um princesa em uma
sociedade de amazonas guerreiras, e assim como as outras, é treinada para
tornar-se uma mulher invencível. A presença acidental de um homem na ilha em
que vive, faz com que ela descubra que uma tenebrosa disputa está assolando o
planeta. Disposta a ajudar a combater esse mal, ela parte para esse combate,
que será inclusive surpreendente para ela.
Desde que o século XXI teve
início, o cinema apresentou um boom de reboots de super-heróis, inserindo-os de
vez na modernização dos efeitos que a sétima arte apresentava. Assim,
multiplicaram-se os filmes do Homem Aranha, Incrível Hulk, Batman, Star Wars,
Super Homem, dentre outros... O esquisito disso é tentarmos pensar o porquê da
tão famosa Mulher Maravilha, do pelotão de frente da Liga da Justiça, ter
demorado tanto para ganhar a sua obra. E para piorar, vê-la sendo lançada numa
atualidade em que a DC Comics tem entregue películas deploráveis, aumentou a
desconfiança de que um novo trágico trabalho estava por vir. Felizmente, quem
pensou assim acabou se equivocando. Agora é que são elas!
Dirigido por Patty Jenkins
(responsável por Monster – Desejo Assassino, que rendeu um Oscar a Charlize
Theron) e roteirizado por Zack Snider, Allan Heinberg e Jason Fuchs, Mulher
Maravilha acaba tendo um início minucioso, no tocante em que o ambiente ali
apresentado, acaba por ser uma miscelânea do desejo da mulher em fazer brotar
as forças contidas em si, aliado a um espírito de companheirismo, em enxergar
naquela sociedade, uma comunidade em que todas devem ter por obrigação o ato de
defender a próxima, sem enxergar no adversário, alguém no qual elas deveriam
ser tementes. As sequências de ação do primeiro ato não se censuram em extrair
do brilhante elenco de mulheres uma faceta que é justamente uma antítese a
postura “bela, recatada e do lar”, o que mostra que poucos minutos foram
suficientes para fazer com que o filme firmasse nas entrelinhas um discurso
feminista, e fazer da heroína da obra, um fruto da ânsia do ser humano em
buscar um ser superior dentro de si e procurar usar essa força em prol da defesa
de diversas sociedades. Nem todo super herói deve surgir de uma tragédia.
Em uma jogada inteligente,
Mulher Maravilha tem o seu enredo diante da realidade da Segunda Guerra
Mundial, ou seja, uma batalha verdadeira, com seus interesses capitalistas,
elencando vilões reais, e suas posturas desumanas em prol do benefício próprio,
sem que eles fossem a princípio, antagonistas com super poderes, que destroem a humanidade
por puro prazer. Esse contexto foi crucial para que a heroína compreendesse
melhor a questão humanitária existente nos conflitos, o que proporcionou a sua adaptação
precisa naquele novo ambiente, e o uso de sua gigantesca força para fazer valer
a sua nova função na sociedade.
Fantasticamente, a direção
não se censura em colocar a Mulher Maravilha como o benéfico diferencial num
momento histórico em que apenas os homens (para o bem ou para o
mal) tinham vez, sem que ela se deixasse levar por fatores sentimentais que
interferissem em seu psicológico. Se o filme tinha que defender a mulher como
um ser que é capaz de proteger um povo tal qual um homem, não poderiam ter
escolhido um contexto melhor para isso, pois até mesmo os personagens masculinos
faziam uma natural reverência a ela (e nesse tocante faz-se justo elogiar Chris
Pine e o quão ele cresce em sua carreira), o que engrandecia a heroína e
justificava o seu poderio. Ela tinha total capacidade de lutar, defender e vencer,
não sendo uma versão feminina de admiráveis super heróis, mas sim um figura
autêntica da verdadeira força da mulher.
Em meio a uma competente
inserção ao estilo “de época”, eis que Mulher Maravilha decide se curvar a
contemporaneidade, modernizando a força da protagonista e o poder de reação e
as armas dos vilões. Curiosamente, isso não comprometeu a trama, pois soube se
adaptar ao momento e construiu uma chegada regozijante da Diana aos tempos atuais, sem que
ela deva nada aos seus companheiros de Liga de Justiça, tornando-se tão fundamental
quanto eles, e talvez até mais importante, devido a qualidade desse filme aqui
avaliado.
Logo em sua primeira semana,
Mulher Maravilha arrecadou mais de 100 milhões de dólares na bilheterias
americanas – um recorde para um filme dirigido por uma mulher. Capaz de
impressionar em suas cenas de ação e nas mensagens incutidas nas mesmas, o
filme é um acalanto àqueles que se queixavam da demora em ver a heroína nas telonas
modernas, e acaba sendo um sopro de paz para os desiludidos fãs da DC Comics.
Um novo tempo começa, e que ele seja propício para um maior protagonismo feminino
na sétima arte (O machismo rola solto em Hollywood. Não se iludam!), e que Gal Gadot, tão segura na pele da poderosa, tenha cada vez
mais destaque na indústria como um todo, correspondendo a todas as belas expectativas,
que hoje só se multiplicam.
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