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terça-feira, 1 de agosto de 2017

DUNKIRK


DUNKIRK
DIREÇÃO: Christopher Nolan
ELENCO: Tom Hardy, Cillian Murphy, Harry Styles, Kenneth Branagh e Mark Rylance 


Milhares de soldados britânicos são encurraladas com o avanço de inimigos. Eles buscam medidas cabíveis para reverter a situação, salvando suas vidas e protegendo sua localidade, mas o avanço dos adversários na guerra torna a situação cada vez mais delicada e apenas viver já é uma grande vitória nos conflitos.


A Operação Dínamo que ocorreu durante a Segunda Guerra Mundial, nas intermediações do Canal da Mancha, entre a França e a Inglaterra, serve de inspiração para este filme. No ato, um intenso bombardeio teve que evacuar mais de trezentos mil soldados, inclusive aliados dos britânicos, numa ação que acabou por se transformar em uma bola de neve, visto que, a princípio, a intenção era salvar quase cinquenta mil soldados em quarenta e oito horas, mas a piora foi inevitável.

A iniciativa de levar tal fato histórico para as telonas coube a ninguém menos que Christopher Nolan, diretor visionário, famoso pela sua extrema e eficaz ousadia, que presentou a sétima arte com obras-primas, como Amnésia, A Origem e a trilogia Batman (Begins, O Cavaleiro das Trevas e O Cavaleiro das Trevas Ressurge). O diferencial presente em Dunkirk é que este trata-se do primeiro trabalho dele baseado em uma história real, o que só alimentou a curiosidade sobre qual seria o seu manejo para este que passa a ser um diferencial em sua carreira.

Assinando também o roteiro, Nolan não se preocupa em criar uma trama (e/ou subtramas) específicas, pois apenas o drama e a luta pela sobrevivência já era suficiente para impor uma película em que conflitos, por piores que fossem, já poderiam tomar conta da história, tornando-se assim o fator primordial da obra exposta. Sempre muito preocupado com a parte técnica de seus filmes, o diretor não faz diferente neste, colocando muitos segmentos em evidência, com destaque a linda trilha sonora composta por Hans Zimmer.

Mas se tem alguns pontos que ganham notoriedade, eles estão na fotografia e no trabalho de efeitos sonoros. A primeira, de responsabilidade do suíço Hoyte Van Hoytema, abre mãos das pinceladas de cores que poderiam serem usadas para o ambiente litorâneo no qual o filme se insere, e inverte a lógica ao investir em tons escuros, denotando o contexto sombrio da segunda guerra, fazendo com que o espectador sinta a situação ao mesmo tempo em que observa, não se tornando uma cópia do estilo O Poderoso Chefão, pois nele Copolla apresenta bem mais trama que Nolan. Toda essa situação está em consonância com o ato dar um aspecto realista, inclusive a naufrágios e quedas de aviões, que são dotados de tomadas que põem os acidentes em foco, na visão de quem tenta se salvar ou perde na vida no mesmo.

O trabalho de som, que é uma marca registrada dos filmes de Christopher Nolan, em Dunkirk alcança o seu ápice pela sua tamanha força, em substituir diálogos e ecoar a real situação de uma tropa em uma situação de desespero, aliado ao que há de enigmático em alguns personagens e aos momentos em que a sorte é literalmente lançada, como quando bombas são arremessadas por aviões e o barulho estrondoso determina quem e onde perdeu sua vida, e a ausência do mesmo é mais um suspiro de alívio para quem sobreviveu. Essa miscelânea é um retrato fiel da guerra, que como muitos dizem, é barulhenta e silenciosa, ao mesmo tempo em que força física e psicológica se misturam em quem com ela está envolvido.

Seria esse o melhor filme de Nolan? Não, mas é um recomeço digno para quem vacilou com Interestelar. Mesmo assim, divirjo de muitos outros críticos que atribuem nota 10 à Dunkirk. Mesmo considerando muito boa esta obra aqui avaliada, creio que ela teve uma duração acima do necessário, mesmo não atingindo os comuns 120 minutos, o que pode ter prejudicado o desenvolvimento de seu objetivo, por hora manjado. Vide Gravidade, de Alfonso Cuaron, que precisou de apenas 90 minutos para toda aquela tragédia espacial e acabou por tornar-se um merecido marco. E Nolan poderia também abrir mão de ter em seu elenco nomes famosos, como o de Tom Hardy, Cillian Murphy, Harry Styles, Kenneth Branagh e o elogiado Mark Rylance (discordo plenamente disso) e contar apenas com atores desconhecidos, transformando-se assim numa síntese da Nouvelle Vague da França, que também serve de ambiente para a obra.

Filme que já é apontado como um dos fortes concorrentes ao Oscar 2018, Dunkirk usa e abusa primordialmente de seus elementos técnicos, sem mirar um possível conflito com "igualdade de condições" (típico em filmes de guerra), e focaliza uma dramática luta pela sobrevivência, recheada de dotes humanitários, que torna-se uma imensa vitória pessoal para um soldado, que muitos tendem a classificá-lo apenas como um defensor de uma nação.  



1 comentários:

Unknown disse...

Essa crítica é muito interessante, porém para mim foi um filme bom. É interessante ver um filme que está baseado em fatos reais, acho que são as melhores historias, porque não necessita da ficção para fazer uma boa produção. Gostei muito de Dunkirk, não conhecia a história e realmente fiquei surpreso. Acho que é um dos melhores da Christopher Nolan filmografia. Acho que ele adaptou a história de uma maneira impressionante, colocando como evidencia que era o diretor indicado. Já estou esperando o seu próximo projeto, seguro será um sucesso.