OS FAROFEIROS
DIREÇÃO: Roberto Santucci
ELENCO: Maurício Manfrini, Cacau Protásio, Danielle Winits, Antonio Fragoso, Nilton Fragoso, Aline Riscado, Elisa Pinheiro e Charles Paraventi
Lima, Alexandre, Rocha e
Diguinho são quatro colegas de trabalho, que decidem passar o réveillon juntos,
trazendo consigo suas respectivas famílias, num momento em que o futuro
profissional de todos está uma verdadeira incógnita. A casa à beira-mar escolhida
para o retiro está longe de atingir todas as boas expectativas que
principalmente as esposas tinham sobre o local. Sendo assim, presepadas e
situações de enorme vergonha alheia dão o tom para esse feriadão.
Todos têm suas opiniões sobre
diversos assuntos, e comigo não seria diferente, até mesmo porque opinião é o
combustível deste blog. Digo isso porque apesar de alguns pesares, não chego ao
ápice de estar levantando bandeiras como “Globo mente” e “Globo lixo”. Agora se
um dia idealizarem uma manifestação contra a Globo Filmes, com direito a pato
amarelo e panelaço, me chamem que eu participo com todo prazer. Os Farofeiros é
mais um estorvo dessa empresa, que só leva críticos ao cinema, por motivos meramente
profissionais.
Escrito por Paulo Cursino
(roteirista de praticamente todas as comédias da “toda poderosa das
comunicações”) em parceria com Odete Damico, o filme já tem a proeza de causar uma
sensação de desconfiança logo em seu início, quando numa sala de aula, um
garoto vai ler sua redação intitulada “Minha Férias” – tal ato acaba sendo tão
chato quanto esse real clichê escolar. A inserção de uma narração infantil na
obra dirigida por Roberto Santucci, logo demonstrava que a mesma poderia ser
totalmente descartável para o filme, e de fato não deu outra. Eis uma decisão
de um fator central, que mal usado, resultou em curtas incursões, chegando ao ponto
de fazer o espectador se esquecer em determinado momento que há um narrador e
se surpreender com o retorno dele à trama, o que demonstra total falta de
controle do diretor e dos roteiristas com a obra.
Trazendo consigo uma reflexão
sobre a luta pelo poder, os devaneios de Os Farofeiros conseguem trazer à tona um
verdadeiro retrato da ojeriza que a alta sociedade tem com as classes menos
favorecidas e a indignação que muitos ricos têm em dividir espaço com os mais
pobres e em vê-los evoluindo socialmente. Mas engana-se quem acha que o filme
quer fazer uma crítica, e se de fato ele queria, foi tudo por água abaixo,
devido a escolha de um elenco negro para simbolizar a família com menos poder
aquisitivo e por fazer com que o Lima (interpretado por Maurício Manfrini) se
exibisse em situações constrangedoras com seu pênis e o ato de defecar. Os atores
brancos, interpretando personagens com bons modos e com carro próprio foram poupados
disso. Sendo assim, de que adianta tentar combater a discriminação, quando o
próprio contexto construído acaba por valorizá-la?
Como se não bastasse, Aline
Riscado (que não manda mal atuando) aparece na trama ao som da música “Uma
Noite e Meia”, de Marina Lima, com foco a seguinte passagem: “Vem chegando o verão,
o calor no coração”. Ou seja, uma ridícula e sem noção referência a um
personagem publicitário da ex-dançarina do Domingão do Faustão. E ainda por
cima, tal trilha sonora introduz a curta aparição de Felipe Roque (namorado da
agora atriz) no longa. De boa, qual a necessidade disso, assim como as piadas
com rabada e a cidade de Juiz de Fora (MG)?
Dando continuidade, um dos
piores momentos de Os Farofeiros é um patético ataque de mosquitos,
curiosamente proporcionado por um simples buraco na janela. Interessante que
uma casa velha, suja e abandonada há tempos não foi suficiente para tal, desde
o início da obra. E os insetos, graças a um terrível trabalho de animação,
ganham falas na história, se queixando de não terem vírus no momento desse
terror proporcionado aos humanos. Que ridículo! Parece que chegou um momento em
que o filme admitiu ser apelativo, capaz de forçar a barra inclusive com uma injustificada
fobia que a Renata (vivida de maneira exagerada por Danielle Winits) tinha por anões
de jardim. O desfecho da trama já foi literalmente tarde demais para ela tentar
se levar a sério.
Engrandecendo-se, como sempre,
mais economicamente do que qualitativamente, a Globo Filmes mais uma vez deu
provas de que suas comédias conseguem ser tão ruins, até mesmo sem Leandro
Hassum no elenco. E pra piorar, expõe que certos membros de seu casting não são
profissionais tão completos assim, já que ficou claro o desconforto de muitos
atores de Os Farofeiros com personagens cômicos, o que demonstra total falta de
afinidade com o gênero. Com tantos atos constrangedores em mais de uma hora de
filme, talvez a pior sensação existente em quem assiste a está película é a
certeza de que vem uma continuação por aí. Paciência!
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