TOMB RAIDER: A ORIGEM
DIREÇÃO: Roar Uthaug
ELENCO: Alicia Vikander, Walton Goggins, Daniel Wu e Kristin Scott Thomas
Lara Croft é uma jovem mulher,
que busca ser sempre dona do própria nariz e construir sua própria vida, mesmo
sendo herdeira de uma grandiosa fortuna. Ela parte em uma expedição a fim de
buscar a arqueologia pertencente a seu pai, além de desvendar outros segredos
que a rondam. Mas aí é que vem o perigo: Uma simples viagem passa a ser uma
arriscada luta pela sobrevivência.
É bizarro ver a década de 20
do século XXI se aproximando e perceber que certas épocas não foram há tão pouco tempo o quanto queremos imaginar. Falo isso porque não fogem da minha memória os lançamentos dos
primeiros filmes da linha Tomb Raider, e eles parecem terem sido lançados
ontem, mas não, não foram. Mais de dez anos já se passaram e um reboot sobre a famosa
personagem dos games já ganha as telonas, numa obra que vale somente pelo
carisma da já comprovadamente talentosa atriz sueca Alicia Vikander (que em
2016 venceu o Oscar de Atriz Coadjuvante, por A Garota Dinamarquesa; e que vira
e mexe, dá as caras aqui no Brasil), que dá uma certa dignidade à protagonista, diferente
da forma ingênua como Angelina Jolie se levava a sério demais, interpretando
tal personagem em outrora.
O desconhecido cineasta
norueguês Roar Uthaug, que assina a direção de Tomb Raider: A Origem, não
consegue isentar o filme de fraquezas desde o seu princípio. O desejo da garota
de tornar-se uma grande boxeadora, em meio a obstáculos do segmento, trabalhando numa lanchonete e sem
conseguir pagar a mensalidade da academia, traz aquela sensação de “Déja Vu”,
mas sem deixar dúvida alguma sobre o "onde já vivemos isso anteriormente?”, pois
a obra-prima Menina de Ouro, de Clint Eastwood, logo vem a mente de qualquer
um. Ainda bem que tal fato não se lastrou! Forçando na mescla do espírito aventureiro da Lara Croft com os problemas
familiares da moça, o longa roteirizado por Geneva Robertson-Dworet, Alastair
Siddons e Evan Daugherty (este último é famoso por ter escrito os filmes da linha Branca de Neve e o Caçador e da série Divergente) confunde bastante o
público com o simples assinar de um testamento, ao mesmo tempo que insiste na
extrema facilidade com que muitos personagens cinematográficos têm em decifrar rapidamente
enigmas de altos graus de complexidade. Mesmo que uma dose alta de inteligência
possa estar sendo encontrada na protagonista, o poderio heroico oscila durante
toda a obra, e sim, a culpa é da produção, da direção e dos roteiristas.
A chegada da Lara em Hong Kong
impõe a ela um duelo contra a comunicação local e contra o roubo de sua mochila.
No tocante que a mesma vai com força total e com muita estratégia para punir os assaltantes,
ela se afrouxa de uma maneira incoerente diante de uma faca de pequeno porte, e
que jamais lhe colocaria medo, caso ela fosse a mulher destemida que o filme
tenta nos convencer desde o princípio. Adentrar a uma nova civilização e ainda
por cima militarizada, lhe dá uma nova chance de provar seu poderio, redobrando a responsabilidade da Lara em ser uma heroína. De
fato, na cena em que ela tenta escapar da morte numa cachoeira, percebi que ela felizmente não chegava ao ponto de ser uma d'As Panteras, ou seja, desafiando as leis da física
em suas aventuras, mas aí o ato se encerrou com uma sequência num paraquedas,
que me fez mudar de ideia imediatamente.
Com derradeiros momentos
proporcionando o reencontro da protagonista com o seu pai, que não via há anos,
Tomb Raider: A Origem se estrutura com nenhuma dose de emoção, além de perder-se
inclusive na noção, pois a ressurreição da lenda de uma rainha, que o objetivo
do filme tratava como algo central, mostra-se como um elemento totalmente desnecessário
e um descarte óbvio para ver se haveria a chance da obra conseguir acertar em
seu enredo. Os desafios da Lara se multiplicavam, sua força era constantemente
requerida, mas um status de “menina indefesa” também pairava no ar, pois enquanto
ela partia para uma briga aqui, se escondia de outra acolá.
Admite-se que a protagonista
fora sim forte fisicamente quando precisava, mas o certo seria ser o tempo
inteiro, ao passo que não houve nenhum dano físico que prejudicasse a moça. Um
ato final com ela segurando naquela pose clássica suas duas armas, confirmam a
desconfiança de que vem sequência ou sequências por aí, mas no geral, esse reboot
já é mais uma mancha na carreira cinematográfica da Lara, pois a superação dos
filmes estrelados por Angelina Jolie encontra-se agora no mausoléu da mansão da
família Croft.
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